O livro de autoria de Maria Glória Sá Rosa e Albana Xavier contou com recursos do Fundo de Investimento Cultural (FIC).
Para produzirem à obra as duas conversaram com 21 escritores e quatro críticos da literatura regional que lhes contaram um pouco sobre o universo daqueles que se aventuram no mundo das letras, na intenção de produzir não apenas narrativas que desperte a imaginação das pessoas, mas que também registre no papel a singularidade do povo pantaneiro.
O livro de 350 páginas é o primeiro do gênero que disseca a questão da relação entre escritor e palavra e a luta dos autores que buscaram a valorização do seu trabalho.
Segundo a professora Glorinha (Maria da Glória Sá Rosa), trata-se de um livro escrito a quatro mãos, pela parceria entre ela e Albana Xavier, que começou nos anos de 1970, quando se conheceram na Faculdade Dom Aquino de Filosofia, Ciências e Letras, tendo em Albana uma aluna brilhante do curso de Letras, criadora de textos reveladores dos mistérios de Clarice, Drummond, Guimarães Rosa, dentre outros. Já produziram juntas uma coleção de livros didáticos, para o ensino médio, em que procuraram amenizar a aridez das regras gramaticais, com a introdução da arte em todos os seus aspectos e que foi adotado em nível nacional.
"A Literatura Sul-mato-grossense sob a ótica de seus construtores" brotou do desejo de caminhar ombro a ombro com os sujeitos da pesquisa, os criadores de histórias, poemas, contos, numa tentativa de desbravar os caminhos da escrita pela força de depoimentos em que a memória organizou, de forma cronológica, as lembranças definidoras dos traços distintivos de uma literatura multifacetada, onde cabem influências de toda ordem. Ainda, como explica a Profª. Glorinha, nasceu desse convívio um compromisso afetivo entre os escritores e as autoras do projeto, no qual as introspecções e observações foram definindo e aprofundando laços de admiração e amizade, de tal forma que o trabalho acabou transformando-se em fonte geradora de prazer e de descobertas imprevisíveis.
A leitura foi o grande estímulo, os mestres em que se inspiraram na composição de suas obras. A pobreza nunca serviu de obstáculos à ambição de escrever e de publicar. O meio ambiente rural, a solidão pantaneira, o brilho da paisagem são reinventados nas obras de Manoel de Barros, Augusto Cesar Proença, Abílio de Barros, Geraldo Ramon Pereira e Cláudio Valério. O magistério e o jornalismo funcionaram como estágio preparatório das produções de Raquel Naveira, Lucilene Machado, Orlando Antunes Batista, Adail José de Aguiar, Flora Thomé e José Pedro Frazão.
As perseguições políticas reacenderam em Brígido Ibanhes o espírito de luta, a vontade de transformar o sofrimento em matéria de romance. O hábito de fazer diários, as leituras de Pedro Nava foram responsáveis pelos livros de memórias de Samuel Xavier Medeiros. Reginaldo Araújo, Guimarães Rocha e Rubênio Marcelo representam a força nordestina presente em poemas, romances, histórias de cordel embasadas em registros de vida. O senso de humor a ironia são a tônica das narrativas de Heliophar Serra e José do Couto Pontes, para os quais a magistratura serviu de pano de fundo para a recriação de experiências relatadas com a força das lembranças guardadas nas dobras da memória.
Com informações do Portal MS Notícias
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