Para afastar o mito da dissertação “sem
graça”, leia as recomendações.
SIM / NÃO / EM TERMOS
1. É aconselhável empregar a
1ª. pessoa do singular?
NÃO
EXPLICAÇÃO; A
dissertação procura convencer o leitor. Para isso, as opiniões só valem se
forem comprovados, de modo que pareçam “universalmente” válidas. Assim, não
interessa tanto quem emite as
opiniões, mas os argumentos que é capaz de apresentar. Daí ser preferível não
utilizar o eu, mas uma linguagem
mais impessoal.
2. Pode-se empregar a 1ª.
pessoa do plural?
SIM
EXPLICAÇÃO; o
emprego de nós se justifica quando
se refere a um conjunto adequado ao tema suficientemente compreensível no
contexto: nós pode se referir aos
brasileiros, a toda humanidade, aos jovens. Não cai bem usar o nós para se referir a um grupo muito
restrito, específico, como “nós, que moramos na zona Oeste da cidade”, a não
ser que esse grupo seja central para o tema da dissertação.
EM TERMOS
EXPLICAÇÃO; A
linguagem da dissertação deve estar de acordo com as normas mais importantes da
gramática (grafia, acentuação, pontuação, concordância, regência) de modo a não
comprometer o entendimento do leitor nem depor contra o texto (quem confia em
um autor que erra constantemente a grafia das palavras?). Por outro lado, não é
preciso exagerar: é péssimo hábito usar palavras desconhecidas apenas porque
soam difíceis, empregar termos técnicos sem necessidade, adotar uma linguagem
“barroca”, com frases longas e cheias de inversões e intercalações. Tudo o que
dificulta inutilmente o entendimento do texto e parece simples enfeite deve ser
evitado.
4. Posso inventar dados e
exemplos?
NÃO
EXPLICAÇÃO; Em
hipótese nenhuma devem ser incluídos dados e exemplos que não correspondam à
realidade. A dissertação, como qualquer texto opinativo argumentativo, não
pode, sob pena de perder a credibilidade, falsificar informações para comprovar
um ponto de vista.
5. É aceitável citar frases
de terceiros?
SIM
EXPLICAÇÃO; A
citação de filósofos, cientistas sociais, artistas, psicólogos, médicos é uma
ótima estratégia de convencimento, desde que inclua no texto a voz de
personalidades reconhecidamente autorizadas a opinar sobre o assunto. Mas não
exagere: não faça sua dissertação uma simples colagem de frases dos outros,
deixando de emitir sua opinião.
6. Posso propor perguntas no
texto?
SIM
EXPLICAÇÃO; Fazer
perguntas pode ser uma boa estratégia tanto na introdução quanto no
desenvolvimento ou na conclusão. A resposta nem precisa vir imediatamente na
seqüência, mas o texto deve dar pistas para que o leitor consiga, ao final,
chegar a uma resposta.
7. É aceitável empregar a
linguagem metafórica?
SIM
EXPLICAÇÃO; Desde
que o leitor consiga compreender as metáforas e outras figuras de linguagem
empregadas na dissertação, é possível dar sabor à linguagem dissertativa por
meio da conotação. A ironia é igualmente uma arma poderosa de crítica.
8. Pode-se defender mais de
uma opinião simultaneamente?
EM TERMOS
EXPLICAÇÃO; O
texto dissertativo não pode ser incoerente: não se deve afirmar que existe um
problema e depois chegar a uma conclusão contrária. Mas é possível mostrar que em certas circunstâncias, uma ideia é
verdadeira, enquanto em outras
circunstâncias ela deixa de ser. Um fato pode ser vantajoso num certo aspecto, mas representa uma
desvantagem em outros.
Nesses casos, o importante é discutir quais são essas
circunstâncias e quais são esses aspectos.
9. É aconselhável analisar o
tema sob mais de um ângulo?
SIM
EXPLICAÇÃO; É
muito importante perceber que a maioria dos temas permite análises distintas,
dependendo da perspectiva que se adote. É enriquecedor que a dissertação
consiga – sem cair na contradição nem no simples impasse – revelar a
perspectiva dos diferentes envolvidos (médicos / pacientes; governo / povo;
jovens / pais; economistas / sindicalistas etc.) em relação ao tema discutido.
TORRALVO,
I. F. & MINCHILLO, C.A.C. Linguagem em movimento. V. 3. São Paulo: FTD, 2010.
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