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terça-feira, 5 de junho de 2012

A DISSERTAÇÃO NO ENSINO MÉDIO: VERDADES E MENTIRAS


Os textos opinativos argumentativos podem ser estruturados de inúmeras maneiras, podem ser curtos ou extensos, divididos em muitos poucos parágrafos. Podem até mesmo ser irônicos ou bem-humorados e nada impede que apresentem linguagem figurada. Mas existem certas convenções que podem ajudar no estudo e na elaboração de textos opinativos argumentativos, especialmente na modalidade que mais frequentemente interessa ao estudante de Ensino Médio: a dissertação.

No Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e em muitos vestibulares para universidades, as provas de redação propõem que o candidato redija uma dissertação. Essas provas de redação pressupõem que os candidatos sejam capazes de analisar um tema, manifestando com clareza um ponto de vista sustentado por argumentos coerentes e consistentes. Normalmente o tempo de realização da prova e o espaço oferecido para a redação requerem um texto razoavelmente curto, 30 e 50 linhas. Ou seja: é preciso dizer o máximo em pouco espaço.

Para que obtenha um bom resultado nessas circunstâncias, o texto dissertativo deve ser bem estruturado e é por isso que se recomenda que a redação siga, em linhas gerais, um esquema, dividido em três partes:

INTRODUÇÃO1°. parágrafo : Apresentação do tema e da tese.

DESENVOLVIMENTO 2°. ou 3°. Parágrafos centrais: Comprovação da tese por meio de comentários e análises sustentados por dados estatísticos, exemplos, informações históricas, geográficas e científicas.

CONCLUSÃO último parágrafo: Finalização da discussão, de modo a sintetizar os aspectos discutidos e reafirmar a tese. Dependendo do tema, é possível que na conclusão se anunciem propostas de ação convincentes.

Essa não é uma receita, mas um caminho para que se organize o raciocínio. O pior que se pode imaginar é que a dissertação seja um texto “quadrado”, que não permita o exercício da imaginação e não exija capacidade de criar. O que ocorre é que a criatividade na dissertação se manifesta no trabalho de pensar o tema, bolar uma tese atraente e expor o raciocínio interessante, compreensível e convincente. Isso depende de muita informação e de uma boa dose de inventividade para selecionar e organizar os argumentos.

TORRALVO, I. F. & MINCHILLO, C.A.C. Linguagem em movimento. V. 3. São Paulo: FTD, 2010.

A REDAÇÃO


Para afastar o mito da dissertação “sem graça”, leia as recomendações.

SIM   /  NÃO   /   EM TERMOS   

1. É aconselhável empregar a 1ª. pessoa do singular?

NÃO

EXPLICAÇÃO; A dissertação procura convencer o leitor. Para isso, as opiniões só valem se forem comprovados, de modo que pareçam “universalmente” válidas. Assim, não interessa tanto quem emite as opiniões, mas os argumentos que é capaz de apresentar. Daí ser preferível não utilizar o eu, mas uma linguagem mais impessoal.

2. Pode-se empregar a 1ª. pessoa do plural?

SIM

EXPLICAÇÃO; o emprego de nós se justifica quando se refere a um conjunto adequado ao tema suficientemente compreensível no contexto: nós pode se referir aos brasileiros, a toda humanidade, aos jovens. Não cai bem usar o nós para se referir a um grupo muito restrito, específico, como “nós, que moramos na zona Oeste da cidade”, a não ser que esse grupo seja central para o tema da dissertação.

3. A linguagem precisa ser formal?

EM TERMOS

EXPLICAÇÃO; A linguagem da dissertação deve estar de acordo com as normas mais importantes da gramática (grafia, acentuação, pontuação, concordância, regência) de modo a não comprometer o entendimento do leitor nem depor contra o texto (quem confia em um autor que erra constantemente a grafia das palavras?). Por outro lado, não é preciso exagerar: é péssimo hábito usar palavras desconhecidas apenas porque soam difíceis, empregar termos técnicos sem necessidade, adotar uma linguagem “barroca”, com frases longas e cheias de inversões e intercalações. Tudo o que dificulta inutilmente o entendimento do texto e parece simples enfeite deve ser evitado.

4. Posso inventar dados e exemplos?

NÃO

EXPLICAÇÃO; Em hipótese nenhuma devem ser incluídos dados e exemplos que não correspondam à realidade. A dissertação, como qualquer texto opinativo argumentativo, não pode, sob pena de perder a credibilidade, falsificar informações para comprovar um ponto de vista.

5. É aceitável citar frases de terceiros?

SIM

EXPLICAÇÃO; A citação de filósofos, cientistas sociais, artistas, psicólogos, médicos é uma ótima estratégia de convencimento, desde que inclua no texto a voz de personalidades reconhecidamente autorizadas a opinar sobre o assunto. Mas não exagere: não faça sua dissertação uma simples colagem de frases dos outros, deixando de emitir sua opinião.


6. Posso propor perguntas no texto?

SIM

EXPLICAÇÃO; Fazer perguntas pode ser uma boa estratégia tanto na introdução quanto no desenvolvimento ou na conclusão. A resposta nem precisa vir imediatamente na seqüência, mas o texto deve dar pistas para que o leitor consiga, ao final, chegar a uma resposta.

7. É aceitável empregar a linguagem metafórica?

SIM

EXPLICAÇÃO; Desde que o leitor consiga compreender as metáforas e outras figuras de linguagem empregadas na dissertação, é possível dar sabor à linguagem dissertativa por meio da conotação. A ironia é igualmente uma arma poderosa de crítica.

8. Pode-se defender mais de uma opinião simultaneamente?

EM TERMOS

EXPLICAÇÃO; O texto dissertativo não pode ser incoerente: não se deve afirmar que existe um problema e depois chegar a uma conclusão contrária. Mas é possível mostrar que em certas circunstâncias, uma ideia é verdadeira, enquanto em outras circunstâncias ela deixa de ser. Um fato pode ser vantajoso num certo aspecto, mas representa uma desvantagem em outros. Nesses casos, o importante é discutir quais são essas circunstâncias e quais são esses aspectos.

9. É aconselhável analisar o tema sob mais de um ângulo?
SIM

EXPLICAÇÃO; É muito importante perceber que a maioria dos temas permite análises distintas, dependendo da perspectiva que se adote. É enriquecedor que a dissertação consiga – sem cair na contradição nem no simples impasse – revelar a perspectiva dos diferentes envolvidos (médicos / pacientes; governo / povo; jovens / pais; economistas / sindicalistas etc.) em relação ao tema discutido.

TORRALVO, I. F. & MINCHILLO, C.A.C. Linguagem em movimento. V. 3. São Paulo: FTD, 2010.